Ultimamente, os filmes da Marvel estão se dispondo a chegar ao público com uma cara nova, claro que não totalmente, embora, ainda nova. Os diretores que estão assumindo os seus papéis em suas obras dentro desse universo cinematográfico podem estar fazendo uma espécie de “revolução” logo em frente a fórmula Marvel, um detalhe alí ou outro aqui pode fazer algo, simplesmente, parecer diferente. Primeiro, tivemos Eternos, uma produção da diretora ganhadora do Oscar Chloe Zhao, onde foi elogiado devido a suas diferenças criativas em relação aos filmes anteriores do MCU, entretanto, ao mesmo tempo com o público e crítica divididos em suas opiniões. E agora, temos a história se repetindo mais uma vez, pois, do outro lado da moeda, encaramos o lançamento de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, o 28° filme que tanto estava sendo esperado para ser visto. Sem aproximar muito, mas apenas olhando o suficiente, vemos o quanto a Marvel está saindo do seu quarto branco e aplicando algumas cores durante os minutos e, nesse caso, o amargo preto, com seus elementos sombrios dispostos por ninguém menos do que Sam Rami para representar toda a bagunça e a consequência trazida.
Sendo um recém-lançamento, estreado oficialmente no dia 05 de maio em estilo global, Doutor Estranho 2 trouxe à tona todas as consequências de eventos que foram causados em Sem Volta Para Casa e WandaVision e, claro, uma pitada de informações referentes ao Multiverso e suas variantes diretamente da série Loki. Com essa nova parcela em mãos, podemos entender que essa não se trata de uma conclusão para as ocasiões abordadas anteriormente, mas apenas a demonstração de todo o caos que foi estabelecido e que, obviamente, não vai parar por aí.
Acompanhando os acontecimentos na visão de Stephen Strange, vemos a maneira como o Multiverso se desdobra e oferece o início de um caminho árduo que está prestes a se tornar realidade, assim, quando analisamos a história de perto na sala do cinema, vemos o resultado da trajetória após o final de WandaVision que, ao mesmo tempo que deixava dúvidas no ar, também dava a entender o que viria em breve, tornando essa nova produção uma espécie de início para a personagem Wanda. Após se tornar a feiticeira escarlate, a grande personalidade contava com a absorção de poderes da nova integrante do MCU, America Chaves – garota que podia transitar entre multiversos sem afetar diretamente os acontecimentos. Logo, esse se tornando o momento chave para fazer com que a trama se desenrole a ponto de embarcamos em uma longa batalha de quase duas horas para o tal feito e seus impactos na realidade.
Com muitos desenvolvimentos entre os personagens, onde, de um lado tínhamos a construção de um arco entre America e Stephen, e do outro o sofrimento de Wanda em busca de ficar com os seus filhos em um outro universo, o filme trouxe verdadeiramente a formação da estrutura de paredes, embora, sem creditar e acompanhar a sua história. O enredo é direto, um pouco vago e rápido, assim, uma hora e cinquenta minutos não parecem ser suficientes para desenvolver a ideia de um roteiro de grande impacto que foi abordado, mesmo que essa seja somente uma parcela de algo muito maior.
Além dos laços com as suas outras produções, sendo uma obra dependente das ocasiões anteriores, a trama insistiu em trabalhar em cima do retorno de alguns caracteres especiais que foram “deixados” no passado – o que parece ser uma inovação, pois, podiam apelar para o lado nostálgico e emocional dos espectadores, se não tivesse sido mal desenvolvido a ponto de ser indiferente para o contexto tratado.
O peso da dor da Wanda trouxe aquele toque de antagonismo para a trama, fazendo com que essa se tornasse, no geral, um enredo gato e rato de um herói e vilão lutando para o destino da humanidade – bom, de várias humanidades no caso. A estrutura do filme, nesse ponto, se torna imersiva e envolvente ao público, justamente para saber qual será o final temporário que darão a essa narrativa. Logo, até o momento, o término foi esperançoso, dando a entender que, pelo menos por agora, não há um perigo à solta para ser combatido.
O resultado de Doutor Estranho 2 se formou como um véu de acontecimentos atrelados um atrás do outro, não havendo tempo para respirar e digerir, o que, infelizmente, tornou a trama corrida e com pouco espaço para o aprofundamento de certas referências multiversais. Possuindo elementos comuns do terror em suas entranhas, uma marca registrada do diretor, o filme contou com especiarias clássicas de uma ambientação sombria e mortes um tanto violentas, sendo parte de uma brincadeira divertida de gêneros, com limites, impostas por Sam Raimi.
Com referências em algumas partes, tanto do universo da Marvel, quanto das cinematografias feitas por Raimi, a produção contou com uma belíssima fotografia, repleta de diversas paisagens que mal podem ser contadas nos dedos, e uma trilha sonora de Danny Elfman como desfecho para o cenário se tornar um verdadeiro lar para abrigar a história. Ademais, os aspectos psicológicos foram bem desenvolvidos, onde temos a resposta, mesmo que seja simples e duvidosa, de uma possível ‘redenção’ logo no fim da obra, o que, mais uma vez, deixou portas abertas para uma explicação futura.
Assim, na visão de Doutor Estranho 2, o multiverso não pareceu tão grandioso, sem acrescentar muito no futuro da Marvel, pelo menos, não por enquanto. O filme tem as suas minuciosas características para ser ótimo, embora, a maneira como desenvolveram a ideia para o público foi de que faltava algo mais a ser passado, assim infelizmente, fazendo a produção não chegar a cumprir a promessa de ser um verdadeiro impacto. Isso não quer dizer que não conseguiu cumprir o esperado, muito pelo contrário, abordou exatamente o que tinha para contar, mesmo que de uma maneira superficial.
Com isso, esse novo filme, definitivamente, mostrou as inúmeras possibilidades que a Marvel pode explorar daqui pela frente, seja para incluir os seus personagens perdidos do passado, quanto para trazer os das HQs à tona. À vista disso, a trama acerta no ponto de abertura das portas do multiverso com estilo, mesmo que tenha sido tratado como algo “pequeno”. No entanto, está bem claro que o buraco é bem mais embaixo e que, futuramente, lidaremos com a vinda de perigos a civilização terrestre. Logo, a Marvel trouxe o seu clássico selo para esse universo consolidado, mostrando que a alma da coisa ainda se mantém intacta, sobretudo, essa poderia ter sido a grande chance do MCU de entregar um pouco além do seu limite, visando inovar e atrair o público que está saturado da mesmice, o que, dessa vez, infelizmente não aconteceu.
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Confira também:
Nota:
- História
- Ambientação
- Trilha sonora
- Autenticidade