Aos Nossos Filhos retrata a história de Vera (Marieta Severo), uma mãe que sofre de traumas ainda não cicatrizados causados pela ditadura militar, assim, ela passa seus dias em uma ONG de crianças soropositivas, em uma comunidade no Rio de Janeiro, fazendo com que viva constantemente momentos de tensão. Enquanto, a sua filha Tânia (Laura Castro), tem um relacionamento com Vanessa (Marta Nóbrega), onde, ambas tentam engravidar por inseminação artificial, porém, o custo para o tratamento é caro e faz Tânia procurar pela mãe por dinheiro para o procedimento. Embora, Vera desaprova o tratamento, além de não gostar do relacionamento entre Vanessa e a sua filha, ganhando inimizade com ela. Já, pelo outro lado, Fernando (José de Abreu), pai de Tânia, é recebido aos beijos pelas duas por sempre estar incentivando e protegendo ambas.
O roteiro de Maria de Medeiros e Laura Castro traz os inúmeros desafios, angústias, medos – tanto em ser mulher em um relacionamento, quanto em ser uma mãe ou filha. Logo, todas as personagens acabam sendo bem desenvolvidas com razões em suas atitudes, retratando medos e preconceitos dos personagens. Mas, o mais importante, é que o filme traz a quebra da regra de que a mãe sabe de tudo e que está certa em todas suas decisões.
Enquanto, falando do trabalho encontrado, temos palmas para a incrível atuação da Marieta Severo que entregou, de forma perfeita, vida a sua personagem, retratando angústia, inquietude e teimosia de uma mulher repleta de virtudes tal como essa. Infelizmente, o mesmo não pode ser dito para Laura Castro e Marta, pois, em diversos momentos, suas interações pareciam forçadas em algumas cenas, porém, se formos analisar de uma forma geral, se caracterizam por medianas.
“Aos Nossos Filhos” é um filme para ver e refletir sobre, pois, incomoda devido a veracidade nos sentimentos que muitas pessoas irão reconhecer em falas e atitudes demonstradas pelas personagens. Além disso, por trazer à tona a maternidade de diversas maneiras distintas e separadas, ajudando a desconstruir estigmas e reconstruir as possibilidades para as novas gerações. Ademais, por retratar toda uma criação de mães que foram marcadas pela ditadura e que fizeram seu melhor por mais que, as atuais, aparentam ter esquecido desse passado recente e que fez diversas pessoas reféns de traumas e cicatrizes externas e internas que machucam até hoje.
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